nenhuma prova

eu sabia que era um sentimento como aqueles que descreviam ser o amor. eu nunca havia sentido algo invisível tão real, fiel e importante. nos enrolávamos nos cobertores com polaroides. brincávamos com tintas. viajávamos. mas era um amor estranho. eu não queria te ver feliz se não fosse comigo e eu queria te ver feliz. então te soltei do apego e tu se agarrou em sentimentos que ele trás como obsessão e ciumes. não precisava de nenhuma prova. bastava a confiança e tu não entendeu.
já disse que desde o inicio eu sabia que não ia dar certo só que quero tu no meu mundo. e espero se for preciso. preciso de ti como amigo. preciso das suas risadas. das nossas conversas. de tudo que evoluímos juntos. sei que tu deve estar pensando ”lá vem tu de novo com esse papo de lá pra frente”. só sei lá, to em outro estado. aprendi a caminhar fazendo meu caminho. e tu depende de sentimentos controversos. sei que só existe o presente como sei também que cada segundo que passei contigo foi eterno. não volta. vive em nossas lembranças.
cazuza usa um codinome. ele devia ter vários amantes. escrevia uma musica para muitas inspirações. eu só tenho uma.e com essa tristeza escrevo um texto. me liberto. entendo como observadora que somos apenas reféns e pequenos. insignificantes. que nos teus cachos talvez não exista toda a maravilha do mundo. eles pode ser meio imperfeitos. olho coisas pequenas. é difícil. tu é alguém bacana. me esforço. comida horrível. halito de cigarro. sou hipócrita.
eu não sei mais o que sinto por ti. essa é a crua sinceridade. esse é meu cruel duelo interior. isso é o que não trato no analista pois tenho vergonha. sou tão fechada com o amor eu só conversava sobre isso contigo. revelava as fraquezas que existem em mim. algumas tu descobriu. algumas que nem eu conhecia. sempre vou te agradecer por ter me ajudado de bom grado. não te perdoou  por outras coisas que na balança pesam mais.

eu sonhei com uma nuvem que só cabia um. e nós nos abraçávamos em cima dela sem deixar o outro cair. eu cai mesmo contigo me segurando. descobri que sabia voar. tu arriscou e voou. voamos pra lados diferentes mas voamos iguais. na mesma velocidade e altitude. a cena foi linda. queria te contar de algum jeito.

fica bem.
sinceridade, estou mal por enquanto.

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 Rubel – Quando bate aquela saudade

vazio

faço amizade com a cortina pra ela não voar com o vento. preciso que o vento entre. é meio estranho. sempre abro a janela de dia. nunca abro a noite. sou sonambula e moro num lugar alto. minha cabeça fica embaixo da janela. tenho a sensação de que o prédio pode virar um dia. sabe, quero falar sobre um vazio que espreme meus órgãos. que me da ansiedade. que me faz tremer em situações desagradáveis. esse vazio que foi feito de insegurança. de instabilidade. não da cortina.
porque no fundo eu me sinto uma criança sem saber nada da vida brincando de ser gente grande. não entendo onde me encaixo e ainda me perco nos boletos. lavo a roupa mas ainda não passo. eu espero sempre que a ultima moda seja roupas amassadas. moro sozinha a alguns anos e não cozinho quase nada. meus amigos não sabem como eu sobrevivo. nem eu sei. sempre estou fraca. meus sapatos eu uso ate sujar muito e jogo fora. não sei lavar. sou um caos e tento conviver comigo. acredite é difícil se conhecer e suportar quem tu é na realidade. vivo em uma caixa. no centro da cidade cheio de prédios. onde o único lugar que faz bem é a área de conforto. o quarto.
eu escrevo só que sei que posso estar errando e deixando as pessoas mais tristes ainda. só que pense como essa menina de dentes amarelados de cigarro diz ”está todo mundo na merda”. estamos em barcos furados. tem gente que não sabe nadar, gente que nada e aqueles que aprender na marra. porque não se pula em coisas rasas. é fatal se arriscar em algo raso demais. a maré não esta favorável. eu to aprendendo a nadar na hora sendo gente grande.

ando engolindo muito sapo. tentando me orientar. saber o que eu gosto. me decidir. não errar.
se a recompensa vem me diz onde ela ta porque ta triste.

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(imagem weheartit.com)

esquece o que eu não disse

estranho te dizer uma frase assim mas tu vai entender.esquece as entrelinhas. nem eu me entendo. esquece meu silencio que te matava por dentro. meu drama sem confissão. esquece as contradições. esquece o que te fazia mal. esquece o que te fazia bem. esquece nosso amor que não era dito aos quatro cantos.
esquece esse amor. como eu não esqueço. eu convivo bem com a dor só que tu nunca teve essa de se apaixonar. por mais que te veja sorrir sei o que passa na sua cabeça. te conheço mais que tu mesmo. isso é uma vantagem da intimidade.
viva sem pensar nas minhas caretas e caras. sem pensar nas minhas expressões. meus sinais de ciumes. meu olhar brilhosos e de vez em quando raivoso e triste.não descanse de se ocupar e se distrair. se caso lembrar, pensa no vazio que ficou e que ninguém de nós quer sentir isso de novo. o amor deixa qualquer mortal perdido. viramos animais. ficamos doentes. fracos. vulneráveis.
eu te amo tanto e acontece que me enjoar de ti seria tempo perdido. eu convivo com isso como quem convive com a hipertensão. te levo no meu interior e preciso tomar remédios todos os dias para te esquecer um pouco. lembrar faz mal. eu escrevo pra tirar isso de mim. todos canalizam a dor de algum jeito. e esse é o meu. tu sempre soube que eu me expunha demais. só que minha transparência existencial é mais forte que palavras vendidas.
coloque na sua mão meu coração e devolva-me. devolvo o seu. uma troca justa. seria fácil. seria lirico. seria poema. mas esta jogado em um texto que é tão barato que é de graça. uma informação tão inútil quanto esse amor que quero que tu esqueça.

tenho tempo pra recuperar. amigos pra rever. ir na sorveteria nova que abriu. assistir o filme que quero no cinema sem tu reclamar  ”é filme francês, que demorado”. vai ser tão lindo ir sozinha. comer pipoca sozinha e poder sujar minhas mãos com manteiga. vou poder escalar. pular de paraquedas.

e sabe? tu pode fazer o mesmo.
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(imagem weheartit.com)

o mundo acabou e agora?

as vezes acabou e eu não percebi. ando meio patética derrubando cinzas de cigarro no teclado enquanto escrevo. o café já morno. eu queria tanto dizer algo como ”menina levante” só que eu não estaria mentindo só pra ti, mentiria pra mim.
só que eu já fui tanto no fundo do poço que nem o poço me quer por lá. então eu leio frases do tipo ”de amor ninguém morre”. olho pra trás e vejo quantas coisas não deram certo pra mim, e foi bom. quantos caminhos eu perderia de escolher e viver. quantas pessoas deixaria de conhecer. viagens que fiz. oportunidades de trabalho.
sabe menina, de tanto apanhar chega uma hora que já amorteceu a dor. a vida ensina quem vem pra somar ou sumir. a vida ensina quem são os que verdadeiramente estão ao seu lado. quem não te deixa nem nas suas maiores fraquezas. quem te suporta e se importa. e é pra essas pessoas que tu precisa amar. ame quem esta do seu lado. é difícil, descontamos dores e frustrações nas pessoas que mais amamos. somos seres humanos e não estamos livres de sentimentos como raiva, remorso, inveja, depressão. é preciso trabalhar isso com muita paciência.

é, quando o mundo desaba e me estrepo eu saio do centro. uma luta diária de encontrar ele. e a desistência faz um pouco parte de mim. eu desisto e canso mesmo sabendo que vai doer. tenho dificuldades em perdoar. meu ego e orgulho – esse defeito que levamos como qualidade – ficam feridos. e perco as forças.
logo volto e me renovo.

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(imagem weheartit)

cotidiano

colchão no chão. abajur japonês. um quadro étnico preto e branco atrás do abajur. móvel vermelho baixo com 600 vinis. óculos. cactos. um quadro do ganesh pequeno e branco como as paredes e o as roupas de cama. dois chapéus pendurados. calendário. alguns remédios. água. mochila. moleskine. dois livros. laptop. cinzeiro. camel. isqueiro.
cafeteira. louça. garrafa térmica. cigarro. fogo. xícara. café sem açúcar. toalha. sabonete. shampoo. creme.desodorante.perfume.brincos. creme. armário. vestido branco. calcinha azul claro. sapato amarelo. óculos redondo. quartzo rosa. força das pedras. porta. chave. bicicleta branca com cesto. livro no cesto. Amy e o clube dos 27. sofá. espera. analista. segredos que não são segredos mais. orientação. loucura canalizada. sonhos frustrados. choro. sorriso. melhora. tempo. melhora tudo. assim seja. bike. mercado. ansiedade. barulho. gente. não consigo. consigo. andar. verduras. frutas. sabão em pó. caixa. sacolas. bicicleta. 16 horas. chave. café. bolo amanhecido. chico na vitrola.pendurar roupa. varrer a casa. leitura. serie. remédios.

Zzzz

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(imagem weheartit)

Barão vermelho – Down em mim

o cupido errou

todos erram, mas o cupido não pode errar. ele errou e preciso te contar. foi tudo meio forçado. eu tentei te amar por tudo que tu me mostrou ser no começo. tu esqueceu que as mascaras caem ao decorrer do tempo? eu vi por trás da sua armadura tudo que era podre e não pude continuar. eu parei. eu pensei. não tem motivos para eu estar no seu mundo com seus amigos sendo que o meu mundo com os meus amigos é mais feliz. e tu não gosta do meu ciclo de amizades enquanto eu me esforçava pra escutar musicas que eu não gosto, papos superficiais e apelidos forçados. maquiagem, sutiã e chapinha não combinam comigo. mexo na terra então minhas unhas não são bem cuidadas. nunca fingi ser uma lady e achei que tu tivesse entendido.
não tenho cara de mocinha posando no cartão de natal com a família. sai de casa cedo por problemas com a bebida e a escrita que me dominavam. a escrita é a unica coisa que tenho. meu refugio particular. fui uma rebelde sem causa na adolescência. quando jovem dormi com alguns caras e usei alguns tipos de drogas. fase nonsense. amei e fui amada.em alguns casos só eu amei. me viciei na boemia. não sou certinha. não sou santa. e tu esperava alguém perfeita e eu sou toda errada. um caos ambulante.
tu precisava ser verdadeiro e transparente como eu fui desde o inicio. sempre expus meus sentimentos, falhas, equívocos. já cedi tantas vezes pra não brigarmos. pratiquei a paciência sendo alguém explosiva. e tu nada fez. então te digo que o cupido errou feio.
não quero mais deitar na sua cama e nem te amar como se não houvesse amanhã.
a vitrola toca elis – velha roupa colorida pra mim.

prefiro ficar com meus ansiolíticos, minhas plantas e com esse glamour de ir buscar papel higiênico no mercado sem sacola.

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(imagem weheartit)